Article in English and Portuguese.
Another computing environment has always been possible.
In a planetary situation marked not only by the COVID-19 pandemic but also by tragic political pandemonium, it is increasingly difficult to breathe outside our affective computer networks. Widespread uncertainty has made it extremely hard to talk about broader strategic agendas such as data protection, net neutrality, and technological autonomy—as well as protecting minority cultural identities and diversities, territories, local knowledge and traditions.
Emergency actions have superseded most, if not all, initiatives during the pandemic. We write this piece in response to this critical transition, but also, and most importantly, to make a reflection grounded in a long process of collective construction of multiple initiatives. This includes libre technologies and communication networks—where “open” and “free” are not limited to a particular technical object (software or hardware) but have to do with a set of collaborative practices that animate techniques for a world “our own way” as Zumbi dos Palmares would say.
Diante do cenário de incertezas e inseguranças em que o planeta se encontra tem sido bastante difícil falar de pautas importantes e, talvez, estratégicas, como a segurança de dados, a neutralidade das redes, nossa autonomia tecnológica, nossas identidades e diversidades culturais minorizadas, nossos territórios, saberes e nossas tradições locais uma vez que as ações emergenciais viraram a tônica de toda e qualquer iniciativa. No Brasil, já marcado não só pela pandemia mas também pelo trágico pandemônio político-social, tem se tornado cada vez mais dificil respirar fora das nossas redes de computadores e afetos. Este ensaio é produto deste momento de transição crítico, mas também de um longo processo de construção coletiva de muitas iniciativas em torno de tecnologias e redes de comunicação livres—onde o "aberto" e o "livre" não estão limitados ao objeto técnico (software ou hardware) mas dizem respeito ao conjuto de práticas colaborativas que animam a técnica como construção coletiva por um mundo, como dizia Zumbi dos Palmares, "mais do nosso jeito."
Our journey with open technologies has come along from various spaces, times, and places. The “digital culture” initiatives that started in the 2000s in Brazil inspired reflections about the future of “digital inclusion” and shaped a public debate about the use of libre technologies during the first term of the left-wing government of Luiz Inácio Lula da Silva. Without much focus on technological autonomy in this period, governmental programs followed, unfortunately, with a policy of public procurement. That meant the distribution of disputed resources to accomplish so-called “social/digital inclusion,” which led our communities to believe that this intervention would be enough to ensure our future autonomy as technologists to build autonomous computing networks. Then came the coup d’état and, along with it, the pandemonium in which we are currently living. We used to have a strong community for libre technologies in Brazil, but it is no longer as well-articulated. We are still working in small groups, but we are also getting more dispersed.
A nossa caminhada com as tecnologias livres vem de longo tempo e através de muitos espaços. As ações de "cultura digital" no Brasil dos anos 2000 traziam alguma reflexão sobre o futuro das teles e das redes de tecnologias computacionais, presentes inclusive em programas de governo que conduziram o processo de "inclusão digital" com a discussão sobre o uso de código aberto bastante aquecida durante o primeiro mandato de um governo de esquerda. Sem muito foco em políticas estratégicas e autonomia tecnológica, os programas seguiram, infelizmente, com a política de editais, ou seja; a distribuição de recursos e máquinas pra realizar a tal da "inclusão social/digital", o que levou a população a crer que isso seria suficiente pra assegurar nosso futuro. E veio o golpe e, junto com ele, o pandemônio que estamos vivendo no país e no mundo. Nós tinhamos até então uma forte comunidade em prol das tecnologias livres no Brasil, mas ela não está mais articulada. Nós ainda estamos trabalhando em pequenos grupos, mas o sentimento generalizado é de que estamos cada vez mais dispersos.
It was in this context that we held the event “Computing in/from the South” organized in partnership with the Rede Mocambos, the feminist technoscience journal Catalyst, and the research institute Data and Society. We set ourselves to the task of reflecting on the experience of weaving new networks for computing from other perspectives, historical experiences, and socio-environmental urgencies. It is important to register here how joyful we were for having the opportunity to learn from everybody who came to share their experiences.
This encounter was not a minor one given the conditions our collective Rede Mocambos faced in order to support its digital infrastructure. We remind the readers of structural and overt violence against black communities, which has only intensified in Brasil (and the world) in the past four years. It is also important to remember that our experiences of learning through the construction of autonomous networks have persisted from the 2000s to the present. Our trajectory has always been made through the encounter of our network with others, so as to fortify and expand them on a more humane scale.
Foi neste contexto que organizamos o evento "Computação do/no Sul Global" realizado em Dezembro de 2020 em parceria com a Rede Mocambos, revista feminista Catalyst e o instituto de pesquisa "Dados e Sociedade" [Data & Society], evento no qual nós nos colocamos a refletir sobre a experiência de tecitura de novas redes dedicadas à retrabalhar e reimaginar a computação desde outras perspectivas, outras experiências históricas e outras urgências socioambientais e políticas. É importante registrarmos aqui o quanto ficamos felizes em poder aprender com todes aquelus que vieram compartilhar conosco as suas experiências de criação de outros presentes e futuros para as nossas redes. Este não foi um evento menor dada as condições diante das quais a Rede Mocambos conseguiu criar e manter a sua infrastrutura digital, lembremos, diante de uma situação de precariedade e violência estrutural imposta contra as populações negras---que só se intensificou no Brasil nos últimos 4 anos. Também, importante sempre relembrar da experiência coletiva de aprendizado e de construção de redes autonomas que se extendeu dos anos 2000 até o presente. Nossa caminhada sempre se fez através do encontro entre as redes para fortificá-las e expandi-las em uma escala mais humana.
Given the technical demands of using Free and Open Source technologies for the creation of autonomous networks, we anticipated a number of difficulties that could impose themselves in our path for supporting the event “Computing in/from the South.” We knew, for example, that we might have problems during our live broadcast due to the natural perception that many people have of computing from their experiences with corporate services. We had small problems here and there, problems with communication and remote organization, but in general we left the event with the feeling that we had achieved its fundamental purpose.
The purpose? Bring people together and share various forms of integrating computing as an extension of lives, territories, and memories from a perspective removed from the corporate instances of decision-making about the future of digital techniques and technologies. To give you an idea of a typical, not to say minor, technical challenge, thirty minutes before the end of our event, heavy rain started to fall in the city of Campinas (where the cultural centre Casa Tainã is located with its community data centre whose machines hosted our event). Five minutes later, a blackout put the entire neighbourhood in the dark! Luckily, the data centre had a good UPS that kept us going online.
No que diz respeito às tecnologias livres e, sobretudo, às técnicas da criação de redes autonomas, nós antecipamos um conjunto de dificuldades que poderiam se impor ao longo do caminho para a realização do nosso evento. Sabíamos, por exemplo, que poderíamos ter problemas durante nossa transmissão ao vivo devido à percepção naturalizada que muitas pessoas têm da computação a partir de suas experiências com infra-estruturas e serviços corporativos. Nós tivemos pequenos problemas aqui e acolá, problemas de comunicação e organização local e remota mas, de forma geral, a gente saiu do evento com um sentimento de que o fundamental mesmo a gente alcançou. Colocamos numa sala vários coletivos a compartilhar novas formas de trabalhar a computação enquanto extensão da vida, do território, da memória e da experiência daquelus que não fazem parte das instâncias corporativas de decisão a respeito do futuro das técnicas e das tecnologias. Para dar a vocês uma ideia, trinta minutos antes do fim do nosso evento uma forte chuva começou a rolar na cidade de Campinas (onde fica a Casa de Cultura Tainã e o seu data center que abriga as máquinas que estávamos usando para o evento). Cinco minutos depois a luz elétrica foi cortada de todo o bairro! Por sorte, o data center conta com um bom no-break que nos manteve online.
For every problem we identified in the evaluation of the event, there were underlying colonialist assumptions—assumptions that we have yet all written against in our contributions to our Catalyst volume on the political and technical projects for Computing in/from the South). Here are some of the most prickly points:
- The “multilingual confusion” that starts from the assumption that computing cannot be designed, developed, or discussed in languages other than “standard English.”
- The “perception of low quality” that assumes a “quality standard” that is set by corporations that prey on every person with computing/communication needs.
- The “conversations out-of-scope” on computing are criticized based on the definition of what “technology” is and can be according to the Euro-American tradition.
- The “(dis)connection of corporate infrastructure” which assumes that bandwidth is infinite and always available. For our event, our hosts could not serve more than 250 viewers on the English and Portuguese language channels, so we had to distribute the load).
In the end, what we managed to build was a common space of recognition of our humanity in others—in collectives so different and so distant, but still part of the commons that we share through autonomist techniques and technologies. What united us, in fact, and virtually, was the act of reclaiming our capacity to build computation presents and futures in “our own way,” without the romanticization, paternalism, and exoticization that are typical of digital tech projects involving countries in North and South.
Para cada problema que identificamos, existem suposições colonialistas de fundo (suposições contra as quais nós escrevemos em nossas contribuições ao volume da revista Catalyst sobre os projetos políticos e técnicos das Computações do / para o Sul Global, e que vem sendo desafiadas historicamente pelas contribuições da Rede Mocambos para a cultura digital no Brasil): - "A confusão multilíngue" que parte da premissa segundo a qual a computação não pode ser projetada, desenvolvida e discutida em outros idiomas que não o "inglês padrão"; - "A percepção de baixa qualidade" que assume um "padrão de qualidade" que é estabelecido pelas corporações que se aproveitam de cada pessoa com necessidades computacionais/comunicacionais para fins de marketing com base na vigilância; - "As 'conversas fora do escopo' da computação" que são criticadas com base na definicão do que a "tecnologia" é e só pode ser o que a tradição euro-americana a definiu; - "A (des)conexão da infra-estrutura corporativa" que assume que a largura de banda é infinita e sempre disponível. Para o nosso evento, nossos hosts não podiam servir mais de 250 espectadores nos canais de língua inglesa e portuguesa, então tivemos que distribuir a carga para um canal do Youtube (do qual fomos desconectados depois de 1 hora de evento). Ao final e ao cabo (de força para ligar a infrastrutura) de nossas redes comunitárias, o que conseguimos construir foi o espaço do comum para o reconhecimento da nossa humanidade nos outros—em coletivos tão diferentes e tão distantes, mas parte do comum que construímos e partilhamos através das tecnologias e das técnicas autonomas. O que importa mesmo foi a retomada da nossa capacidade de construção de presentes e de futuros computacionais "mais do nosso jeito"—sem a romantização, o paternalismo e a exotização que são próprias dos projetos de tecnologia digital envolvendo países do Norte e do Sul.
In more than two decades of enshrined hope for new possibilities of autonomous communication, we have engaged new paradigms of social justice that have, otherwise, been minoritized and hidden in the cacophony of big tech platforms. The direct inheritors of colonization are active agents in its current reproduction of racism. We see this in machines that mischaracterize darker skin tones, the restriction of Black Lives Matter content and the identification of orishas, such as “Èṣú” as “devil,” to search results that stigmatize black youth as criminals and associate black people with gorillas through machine learning applications. In corporate services for facial recognition, the error rates have been much higher for black women versus white men (35% versus 1%) with imprecisions that are undocumented for trans populations (see: Ruha Benjamin’s work in “Race as Technology” as well as Joy Buolamwini & Timit Gebru “Gender Shades” project for more details).
One of the biggest threats to solidarity struggles in the South has to do with the fact that these systems are now being implemented as part of the security apparatus without public debate and oversight. The black population in Brazil already represents 90,5% of the prisons by facial recognition in the state of Bahia. Just a few months from the publication of this article, the US basketball star, Michael Jordan made the headlines in the country for being “wanted” by the police in the state of Ceará. If the penal selectivity of the police and the judicial branches was not enough in a country with the third biggest carceral population, now the hand of racist oppressors came through the means of automation, protected, as we know, through the means of “business secrets” and “algorithmic black-boxing,” thus aggravating the racial injustices that are very much part of the experience in the South.
Em mais de duas décadas, nós alimentamos a esperança em novas possibilidades de comunicar de forma mais livre e sem fronteiras, alcançando novos paradigmas de justiça social, mesmo sendo cada vez mais escondido atrás das plataformas de confinamento das bigtechs—herdeiras diretas da colonização racista e agentes ativas de sua reprodução técnica desde as primeiras câmeras fotográficas que simplesmente não registravam peles pretas e que sempre embranqueceram peles negras (veja o livro de Ruha Benjamin "Race as Technology"), passando ainda pela restrição da visibilidade de conteúdos do movimento Black Lives Matter e nas diversas falhas criminosas do Google, incluindo a tradução de "Èṣú" como “diabo,” e buscas por termos como “jovens negros” que retornavam imagens ligadas a criminalidade, além de associação entre pessoas pretas e gorilas pelo seu aprendizado de máquina. Nas frentes de reconhecimento facial, as tecnologias das principais corporações erravam a uma taxa de ridículos 35% para mulheres negras, contra 1% para homens brancos, e imprecisões ainda mais intensas mas não documentadas para populações trans (veja o projeto de Joy Buolamwini & Timit Gebru "Gender Shades"). Uma das maiores ameaças tecnológicas às lutas do Sul hoje é o fato de que tais sistemas estão sendo implantados como parte de políticas de segurança pública sem o devido debate democrático e aberto. Pessoas negras já são alvo de 90,5% das prisões por reconhecimento facial no estado da Bahia. Há poucos meses a foto do ator norte-americado Michael B. Jordan foi parar no banco de procurados por uma chacina do sistema da polícia do estado do Ceará. Como não bastasse a já conhecida seletividade penal nas polícias e judiciários do país que criou a terceira maior população carcerária do mundo, o braço racista da opressão vem sendo automatizado por um funcionamento protegido pelos intocáveis "segredos de negócios" e pela suposta neutralidade da "inexplicabilidade algorítmica," agravando as injustiças raciais tão presentes no Sul.
As if the sharp increase in fascist and authoritarian violence in full global ascension was not enough, thanks in great part to surveillance infrastructures, disinformation and social manipulation online that big tech companies support, the South continues without digital sovereignty over its data and its digital platforms. By masking this colonial situation with a veritable deluge of corporate tools that are falsely purported to be free and accessible, big tech companies have carried away most people who have not yet had the time to construct or preserve their own set of references in the digital realm.
Meanwhile, we continued to advance, albeit with a human pace in small digital territories, and small community datacenters, maintaining our own decentralized archives through Baobáxia (bbx), a technology that was imagined, aspired, and developed by ourselves. We learned to see and understand the star formations that help us navigate (the ancestral meaning of “Tainã”).
But we also shared our own way of seeing with other people from the community, who learned to reach new galaxies of digital technology with Baobáxia; in spite of the white giants of big tech that have often blinded us all with the power of capital, dragging everything into their orbits. Giants, we know, spend too much energy, so they tend not to live very long and end up often in violent explosions, supernovas, from which darkness ensues. In the meantime we persist in our territories and through our affective connections, keeping alive (TTL) the energy that feeds our collective projects on and offline.
Como não bastasse o aumento na violência advinda de projetos fascistas e autoritários em franca ascensão global, graças às infraestruturas vigilantistas, de desinformação e manipulação social que as grandes corporações de tecnologia implementam, o Sul continua sem deter a soberania de dados e infrastruturas críticas. Ao mascarar essa atualização colonial com enxurradas de inovação digital falsamente dita "livre" e "acessível," as bigtechs carregaram a maioria de "usuários" que ainda não havia construído ou preservado um conjunto de referências próprio no contexto digital. Apesar de tudo nós persistimos, avançando o tanto quanto possível, construindo nossos pequenos territórios digitais livres, pequenos datacenteres comunitários, mantendo nossos registros digitais numa rede de acervos descentralizada que é o Baobáxia (bbx), tecnologia imaginada, desejada e desenvolvida por nós mesmes. Aprendemos, em suma, a olhar e conhecer as estrelas para nos manter na rota da nossa caminhada conjunta. Compartilhamos com mais gente da comunidade que aprendeu a olhar o céu e a conhecer essas novas galáxias de tecnologias digitais com o Baobáxia. Mas as gigantes brancas das bigtech costumam cegar com a luz do dinheiro, arrastando todo mundo para as suas órbitas gravitacionais. As gigantes, nós sabemos, queimam muita energia, então não vivem muito e acabam em explosões violentas, as supernovas, das quais se segue a escuridão. Enquanto isso, nós seguimos em nossos territórios e através de nossas conexões, mantendo viva a energia que nos alimenta por meio de projetos coletivos.
In the middle of all this, we are living, despite often running out of air to breathe. We continued our resistance with resilience, and, when we least expected it, we received an invitation to surmount this unusual gathering of people from different places. These are people who, without even knowing us, welcomed us, listened to us, supported us, respected us, and understood us when we agreed to collaborate on a project that, for us, without a doubt, represented the oxygen tank we needed. Despite all the difficulties—and this is the best part—nobody minded leaving the infernal circuit of institutional meetings on Zoom many of us subjected ourselves in past two years.
Another computing environment has always been possible, as other computing environments already happen. We just need to keep gathering and mobilizing to help maintain what we are building collectively through encounters like “Computing from/for the South.” We need to keep taking good care of all of us, and all the nodes of our networks, based on the (first) maxim of the African ancestral matrix: I am because we are; nothing for me, everything for us!
No meio disso tudo que estamos vivendo, tanto na pandemia, quanto no pandemônio, nós seguíamos quase sem ar pra respirar, continuávamos nosso movimento de resistência com resiliência de dentro pra fora e, quando menos se esperava... recebemos um convite para somar a este encontro inusitado com pessoas diferentes, de muitos lugares diferentes e que, sem sequer nos conhecer, nos acolheram, nos escutaram, nos apoiaram, nos respeitaram e nos compreenderam ao topar realizar uma ação que, pra nós, sem a menor dúvida, foi a bolsa de ar que nos faltava pra oxigenar o cérebro. Apesar de todas as dificuldades, e esta é a melhor parte, ninguém se importou de sair do circuito infernal de reuniões instituicionais do Zoom que uma boa parte das pessoas foram submetidas nos últimos anos. Nosso encontro de discussão e de partilha de projetos comuns de computação do e no sul global não foi o primeiro, tampouco será o ultimo. Outro ambiente computacional sempre foi possível, já que outros ambientes para computação comunitária e autonoma já acontecem. Só precisamos continuar a somar e somar para ajudar a manter aquilo que estamos construíndo através de encontros como o que fizemos com a Rede Mocambos, Casa Tainã, revista Catalyst e todas as pessoas que comparecem para somar conosco. Precisamos cuidar bem de nós mesmes juntes em nossas redes e com base na máxima (primeira) da matriz africana: nada para mim e tudo para nós!
About the Authors
The authors of this piece are part of a collective working on several initiatives in Brazil and abroad, including, but not limited to Computing/in from the South, Rede Mocambos, Baobáxia, and Data Centers Comunitários (“Community Data Centers”). This article was published in an abridged form as a blog post for Data & Society.